Thursday, April 29, 2010

DROGAS, UM GRANDE NEGÓCIO... OU NÃO?



Bons negócios se definem quando ambas as partes ganham. Entretanto, quando uma das partes ganha muito e a outra parte continua comprando normalmente, o negócio é excelente. Esta é exatamente a situação que se encontra o trafico de drogas atualmente. O resultado tangível dos 30 ou mais anos da Guerra Contra as Drogas foi o aumento do consumo e a disparada dos lucros dos traficantes. 

Uma excelente definição do porque da existência do trafico de drogas é que ele compensa financeiramente. Parece até um passe de mágica, mas não importam quantas rotas de entrada de drogas sejam desmanteladas pelo DEA – Drugs Enforcementent Agency, as drogas sempre acham um caminho alternativo para chegar aos seus usuários. O tráfico de drogas movimenta mais de 300 bilhões de dólares por ano. Os Estados Unidos respondem por nada menos do que 40% do consumo mundial de cocaína, droga que custa em seu estado puro cerca de 40.000 dólares em Nova Iorque, mas chega a custar o triplo em Moscou. São exatamente essas excelentes margens os maiores incentivos para toda essa criatividade de se encontrar rotas novas o tempo todo.

Um movimento ganha cada vez mais força no mundo hoje em dia: O da Descriminalização das Drogas. Em recente pesquisa, simplesmente 42% dos americanos se colocam a favor deste movimento, o que se traduz em um numero impressionante, visto que a pouco mais de 2 anos, a quantidade de pessoas que apoiavam era menos da metade. O mais interessante é que esse movimento conta com apoios que no passado eram inimagináveis. São políticos, juizes, ex-policiais e até policiais da ativa. O motivo é uma consciência de que em mais de 30 anos de guerra contra as drogas, o resultado prático foi um grande desperdício de dinheiro público e, principalmente, vidas humanas. Estas entidades já apresentam números impressionantes que refletem o impacto que a cultura legalizada da cannabis, seja para consumo próprio ou para uso medicinal, e já aprovado em 11 estados americanos, como sendo algo muito mais contundente contra o tráfico do que todos os esforços já feitos. 

Neste ponto eu devo dizer que sou claramente a favor da liberação total das drogas. Se analisarmos friamente a criminalização do consumo de drogas, chegamos à conclusão que ela fere a própria definição de crime. Segundo as leis (de qualquer país), a prática de um crime se define por fazer mal a alguém. O consumo de drogas não causa mal a nenhuma pessoa, talvez à propria. Mas sabemos que consumir algo que nos faz mal não é crime, visto que posso comprar um quilo de soda cáustica e comer tudo em frente a um quartel de polícia que nada vai me acontecer, fora a minha morte certa. O caso é que nenhuma lei foi violada. Não causei mal a ninguém e por lógica de direito, não cometi crime algum.

Cabe deixar algo bem claro aqui. Nunca serei a favor de crianças usarem drogas. Nunca serei a favor de pessoa alguma usar qualquer tipo de droga e causar mal a outro indivíduo. Assim como serei sempre a favor de duras penas para aquele que usar drogas e, dirigindo um veículo qualquer, causar danos a terceiros. No caso deste último exemplo, deixo claro que não sou contra a se dirigir após o uso de qualquer substância, sou a favor da aplicação de duras penas em caso de acidentes por esse motivo.

Voltando ao assunto principal, o tráfico de drogas é o principal financiador das FARC Colombianas. Responde por 50% do PIB do Afeganistão (plantação de papoulas). Surge então a pergunta típica de teorias conspiratórias: a quem interessa o tráfico de drogas? A resposta é simples, interessa a muita gente. Políticos, religiosos, militares, todos ganham com a guerra as drogas. Maiores são os orçamentos aprovados, então basta fazer conta. Em recente reportagem, o jornal carioca O Globo informou que apenas uma facção de tráfico no Rio de Janeiro teria movimentado mais de 400 milhões de reais em apenas 2 anos.  Não estou de posse da lista Exame das maiores empresas do Brasil, mas acho que esse faturamento já daria, no mínimo, uma menção honrosa.

Precisamos abrir nossos olhos e enxergar a realidade, por mais dura que ela seja. As drogas estão cada vez mais perigosas e cada vez mais capazes de criar vício. O comércio legalizado de drogas hoje proibidas não reduzirá o perigo delas, mas não mais deixará que elas sejam associadas à violência. Durante entrevista ao Cato Institute, um “think tank” conservador americano e hoje abertamente a favor da liberação do uso de drogas, o advogado William Murphy disse algo muito interessante. Com a proibição do comércio de drogas, todo o negócio foi colocado nas mãos de pessoas sem moralidade alguma. Criminosos resolvem problemas com o uso frequente de violência e não de tribunais. A falta de moralidade destas pessoas também as leva a explorar o caráter viciante do uso de drogas, empurrando-as a crianças e jovens. 

Com a legalização do uso e distribuição de drogas, empresas poderão avaliar sob diversos aspectos se é ou não interessante o investimento no setor. Antes que algum crítico diga algo como “claro que é interessante!”, quando um negócio sai da ilegalidade, as margens de lucro caem vertiginosamente. Além disso é interessante notar que o tamanho do mercado consumidor talvez não seja tão grande como se pensa, e o fator concorrência deve ser sempre considerado. Afinal o que o leitor acha que aconteceria com o preço de algo que hoje é plantado em áreas diminutas, passasse a ser plantado livremente? Finalizando a entrevista, William Murphy colocou uma opção muito interessante: Afinal, o que desejamos? Abuso de drogas e violência, ou apenas abuso de drogas? Não existe uma terceira opção.

Não é papel do Governo nos dizer o que devemos ingerir. Se uma determinada substância é perigosa, cabe aos pais e aos educadores conter o seu consumo através da educação dos jovens. E para finalizar, deixo aqui claramente, que essas palavras não foram escritas por um usuário de drogas, aliás, sendo muito sincero, diga não às drogas.

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