Tuesday, April 21, 2009

JUSTIÇA À GERSON


“O Importante é levar vantagem em tudo. Certo?”

Acredito que em toda a nossa história publicitária, poucos “pay off’s” ficaram tão marcados na memória como esse. Por ter sido dito no comercial pelo grande craque da super-seleção Tricampeã, Gerson, a frase terminou ganhando um nome: A Lei de Gerson.

Entretanto existe um detalhe que sempre acompanhou esta famosa frase. Não em um aspecto explícito, ou mesmo implícito. A nossa cultura coletivista simplesmente anexou uma interpretaçao moral de cunho negativo. O desejo de levar vantagem em tudo passou a ser visto e sempre citado como algo maldoso que implicava sempre na falsa regra socialista-coletivista que, para uma pessoa levar vantagem em algo, somente pode ocorrer se a outra parte da negociação sofrer algum tipo de perda.

É importante neste momento deixar claro que, segundo um dicionário da lingua portuguesa, a palavra Vantagem, possui 5 definições que são as seguintes:

1) qualidade do que está adiante ou superior;
2) utilidade;
3) primazia;
4) lucro;
5) vitória

Como se trata de um dicionário, a definição de um termo é dada de forma epistemológica, ou seja, sem interpretações de nenhum cunho. Automaticamente associar o ato de levar vantagem a uma ação de proporcionar uma perda a outra pessoa não é uma análise correta, mas sim a definição de algo ilegal ou anti-ético.

John Galt, personagem central do livro “Quem é John Galt” de Ayn Rand, durante o seu discurso de 40 páginas, se define como um negociante (trader). Estas páginas brilhantemente escritas, talvez sejam até hoje a melhor definição do capitalismo, e deixam bem claras que as relações comerciais (e mesmo pessoais) entre duas partes devem ser sempre voluntárias e baseadas na troca mútua de valores.

Contrariando falsas teorias socialistas, as transações em um sistema de livre-comércio, não geram uma “soma-zero”, termo definido por estes mesmos teóricos coletivistas como sendo a única condição para um ganhar é o outro perder.

Obviamente que se estivéssemos em um cassino, onde o valor mais perceptível é o dinheiro, se alguém ganha uma mão de Black Jack, o cassino perde dinheiro, pois deve pagar a aposta feita. O inverso ocorre e o jogador perde e o cassino toma o dinheiro apostado. Porém não vivemos em um cassino. Vivemos em um mercado, e as transações feitas no dia a dia provam que a análise negativa à frase de Gerson está absolutamente equivocada.

As trocas realizadas todos os dias são feitas, na sua grande maioria com dinheiro, porém este não é o único valor que possuímos ou percebemos. A troca justa e voluntária definida de forma muito clara nos textos de Ayn Rand, não limita a assumir que o único valor perceptível é o dinheiro. Inclusive, ela, uma das maiores defensoras do capitalismo de todos tempos, define uma transação como justa se é feita de forma voluntária entre ambas as partes e os objetos da transação são valores, não necessariamente, dinheiro.

Para ilustrar melhor essa situação, gostaria de usar uma compra de qualquer produto na realidade. Em uma economia de livre comércio (ou livre concorrência), o comprador vai sempre desejar o máximo possível em qualidade (ou qualquer outra característica que o produto possua), pagando por isso o menor preço possível. No outro lado, temos o vendedor ou produtor que deseja vender o bem pelo preço mais alto, entretanto limitado pela concorrência. Uma vez que esta troca de valores ocorre, o que temos é a prova contrária e irrefutável às crenças socialistas.

O chamado Jogo Soma-Zero somente ocorre devido ao fato das teorias socialistas apenas admitirem o dinheiro como valor. Desta forma, podemos dizer que o vendedor levou vantagem a partir de uma perda do comprador, que por sua vez se viu subtraído de uma soma em dinheiro. Porém isto nada mais é do que a ação que os coletivistas mais gostam: mascarar a realidade.

A realidade é exatamente o que define essa transação voluntária. O que ocorreu foi uma troca de valores. O comprador adquiriu o melhor produto, pelo melhor preço, enquanto que o vendedor obteve um ganho com a venda. Portanto temos uma real troca de valores, onde um lado fica com o produto, um valor percebido, e a outra parte fica com o dinheiro, outro valor percebido.

Desta forma o exemplo claramente faz justiça à Lei de Gerson. Uma vez que todos busquem levar vantagem em suas transações, sendo elas voluntárias e livres, não ocorre algo de cunho negativo, mas sim um equilíbrio a partir da excelência. Agora, da próxima vez que o leitor ouvir alguma menção negativa, pode ver o que realmente ocorre na pergunta feita pelo craque.