Tuesday, October 19, 2010

A INSOLVÊNCIA DA PREVIDÊNCIA


Com as recentes revoltas na França volta à tona o debate sobre as Previdências Publicas. O francês não admite ter uma idade mínima para a aposentadoria alterada para 65 anos, apesar da sua expectativa de vida ter aumentado para 80 anos. Logicamente que estamos falando de médias, o que é plenamente aceitável que esta expectativa seja aumentada consideravelmente na realidade dos fatos. Também parece que o francês é incapaz de admitir que deve contribuir para o bolo, e que outros (alemães) não são obrigados a sustentar-los.

Em recente comentário, a jornalista Miriam Leitão disse que nenhum sistema previdenciário no mundo possui um modelo que seja solvente por natureza. Isso, em parte, eu até concordo. Todos o sistemas de previdência pública em atividade no mundo se baseiam em um esquema Ponzi, assim como o utilizado por Bernie Madoff. Em absolutamente todos os casos, o sistema depende de novos contribuintes para pagar os existentes.

Vamos encarar a realidade de frente, o que é muito a pedir da turma da esquerda. Os sistemas de previdência existentes podem ser resumidos da seguinte forma: o sujeito começa a trabalhar. O governo toma (à força) parte do seu salário e o deposita num fundo que será destinado a este trabalhador uma vez que se aposente. O calculo pode ser feito a grosso modo da seguinte forma: o sujeito começa a contribuir aos 18 anos e aos 60 começa a receber esse dinheiro de volta. Durante uns 10 anos, quando este individuo, pela média, vai fazer o favor de morrer. Ou seja: contribui durante 42 anos e usufrui 10. Parece justo.

Tudo isso é bem correto, e solvente, uma vez que o fundo seja individual. Porém o fundo é um grande balde onde todos contribuem e o governo decide quanto vai pagar para cada um. Se for funcionário público, ganha bem mais. Voltando a analise de Miriam Leitão, temo discordar em um ponto-chave: os esquemas (vamos chamar pelo que realmente são) PÚBLICOS que estão em operação ao redor do mundo são insolventes. Se desejarmos encontrar fórmulas justas e eficientes de previdência, não é necessário contratar nenhum grande matemático ou economista. Basta ir a qualquer banco privado e perguntar ao gerente o que ele sugere.

Outro detalhe que a jornalista deixou de fora de sua análise foi que, por natureza, existe apenas um certo tempo que os governos ficam olhando para aquela montanha de dinheiro sem pensar em “tomar um pouco emprestado”. É exatamente neste momento que os rombos ocorrem. Governos têm uma responsabilidade muito curta, visto que após quatro ou oito anos eles se vão, porém deixam as dívidas, que os sucessores não se preocupam em pagar, e fazem até o obvio: tiram um pouco mais para eles.

Os sistemas privados de previdência são eficientes, justos e principalmente não oneram a população. Quem começa a contribuir mais cedo, paga menos do que alguém que inicia a contribuição mais tarde. No sistema privado de previdência não existem passeatas e nem quebra-quebras nas ruas. No sistema privado, existe a absoluta justiça, afinal quem paga recebe. O sistema privado apenas devolve o que os contribuintes acordaram. Se algum governo deseja solucionar os rombos das previdências, basta que adotem sistemas como os que existem no setor privado, devolvam o que tiraram e deixem os indivíduos decidirem o que é melhor para cada um.

Mas acho que isso é pedir demais.